Varíola dos macacos

Brasil tem dois casos suspeitos de varíola dos macacos

Na América do Sul, os primeiros casos confirmados da doença são na Argentina; No RS, um episódio que pode ser suspeito está sendo monitorado

Na última segunda-feira, o Ministério da Saúde informou que foram registrados até o momento no país dois casos suspeitos da varíola dos macacos - um em Santa Catarina e outro no Ceará. Além desses, no Rio Grande do Sul, um caso que apresentou os sintomas da doença é monitorado, mas de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) o episódio ainda não é classificado como suspeito. Também segundo o Ministério, não há nenhuma infecção confirmada em território brasileiro.

A doença é uma zoonose silvestre que infecta macacos, mas que pode ser transmitida também a humanos. Incidentemente, os casos de infecções humanas eram registrados geralmente em regiões florestais da África Central e Ocidental. A enfermidade é causada pelo vírus que pertence à família dos ortopoxvírus.

Os dados da OMS apontam que a taxa de mortalidade nos casos da África Ocidental é de 1%. Já na região da Bacia do Congo, o índice pode chegar a 10%. A Organização afirma ainda que as crianças são o grupo de maior risco e a patologia durante a gravidez pode levar a complicações, como varíola congênita ou até a morte do bebê.

O epidemiologista do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSPF), Pedro Orlando, explica que o cenário quanto à Varíola dos Macacos ainda é bastante desconhecido para os profissionais de saúde, já que a última varíola registrada era uma doença infecciosa humana, erradicada na década de 80.

"As crianças nem são mais vacinadas contra a varíola porque a doença foi erradicada há muitos anos. Acho que a última geração a tomar a vacina contra a doença foi a minha. Os profissionais de saúde não têm experiência com varíola, ninguém chegou a ver uma pessoa com a doença pessoalmente, ainda mais essa específica. A Varíola dos Macacos, além de desconhecida, é muito diferente da varíola comum que assolou o mundo no passado, já que esta é uma zoonose, doença originária de animais e transmitida para humanos, assim como a leptospirose, por exemplo", pontua Orlando.

Por ainda não haver informações suficientes sobre a doença, o epidemiologista diz que não há como dimensionar a velocidade de propagação e os riscos que ela pode trazer para a população em geral.

Sintomas
Os primeiros sintomas da Varíola dos Macacos são febre, dor de cabeça, dores musculares, linfonodos inchados, calafrios e cansaço. O surgimento de lesões na pele é a manifestação que mais se destaca. Elas se desenvolvem primeiro no rosto e posteriormente se espalham por outras partes do corpo.

Contaminação
De acordo com o Instituto Butantan, em geral, a doença pode ser transmitida pelo contato com gotículas expelidas por alguém infectado, seja humano ou animal, ou pelo contato com lesões na pele causadas pela Varíola dos Macacos. Além disso, o contágio também pode ocorrer pelo contato com materiais contaminados, como roupas e lençóis.

O período de incubação da Varíola dos Macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação pelo período de três semanas.

A vacina contra a varíola comum se mostrou eficiente contra a Varíola dos Macacos, o que é uma boa notícia, já que ainda não há uma vacina específica para ser aplicada amplamente em populações.

O cenário pelo mundo
Entre 13 e 26 de maio, data do último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), haviam 257 casos confirmados de varíola dos macacos em ao menos 20 países. O primeiro fora dos países endêmicos, nos quais é comum a existência da patologia, foi registrado no dia 7, no Reino Unido. A Europa é o continente que tem o maior número de casos, mas a doença já está presente também na América do Norte e na América do Sul. Por aqui, os dois primeiros contágios surgiram na Argentina.

Segundo a OMS, casos de varíola dos macacos identificados simultaneamente em vários países não endêmicos caracterizam um surto da doença e sugerem que pode ter havido a transmissão sem detecção por algum tempo.

O Ministério da Saúde estabeleceu na última semana uma sala de situação para monitorar o cenário da varíola no Brasil. A pasta afirma que a medida tem o objetivo de elaborar um plano de ação para o rastreamento de casos suspeitos e na definição do diagnóstico clínico e laboratorial para a doença.

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